top of page

O Capitão Nazista, a Criada Judia e o Herdeiro do Império Alemão


...

Conversa#7

The Exception (David Leveaux, Reino Unido, Estados Unidos, 2016)

Estamos em maio de 1940, a Alemanha recém ocupou a Bélgica e a Holanda. Subitamente, o capitão Stefan Brandt (Jai Courtney) é enviado de Berlim à Holanda para cuidar da segurança pessoal do herdeiro presuntivo do Império Alemão no exílio, Wilhelm II (Christopher Plummer em mais uma vigorosa performance). O solar onde mora a família real no exílio é, assim, ornado com bandeiras da Alemanha nazista.

A despeito de tantas suásticas, Brandt acaba sentindo-se atraído por Mieke de Jong (Lily James), uma das criadas holandesas do solar de Wilhelm. Já este revela-se uma personalidade independente e opiniosa, ao contrário da esposa, a Princesa Hermine Reuss (Janet McTeer) interessada em agradar os nazistas em troca de favores e não ser incomodada. Sobre essa troca na guarda pessoal do nobre alemão, por conta da intromissão dos nazistas, gira a trama de The Exception.

A personalidade exuberante de Wilhelm, um príncipe que faz questão de rachar a própria lenha e alimentar os gansos do solar, acaba por despertar algumas suspeitas junto aos generais que designaram sua nova guarda de custódia. Eles desconfiam que Wilhem não vinha demonstrando, ao longo de anos no exílio, uma clara atitude de apoio ao III Reich. Assim, espera-se do Capitão Brandt algo mais que zelar pela segurança desse símbolo alemão, mas também espioná-lo, incumbência que Brandt toma a contragosto.

A situação é posta com plena clareza pelo investigador da SS na comarca, Dietrich (Max Dexter), ao oficial recém-chegado de Berlim: há serviços de inteligência ingleses infiltrados na região. Se algo, sequestro ou atentado, ocorrer contra o presumível herdeiro do trono, o próprio investigador alerta a Brandt que o executará pessoalmente com um tiro --- embora deixe transparecer que não nutre nenhuma simpatia pelo velho chefe da casa imperial. Ou mais: pessoalmente até se sentiria compensado se este viesse a sofrer algum tipo de constrangimento ou ser sequestrado pelos agentes da contra-inteligência britânica. Isto é, a pior perspectiva da coisa acabou sobrando para Brandt. Nesse ínterim, Brandt começa a manter um ardente affair com Mieke, e a criada já havia conquistado a simpatia do velho príncipe. Este chega a brincar com a situação:

---Se eu tivesse uns cem anos a menos...

E, então, um novo complicador surge na relação dos dois: Mieke revela a Brandt que é judia. Para embaralhar as coisas, o solar da família real no exílio será visitada por Heinrich Himmler, o sinistro Comandante da SS, o qual Mieke pretende assassinar, já que esse Ministro de Hitler foi responsável direto pela morte dos pais dela.

O filme é convencional em sua narrativa, edição, emprego de banda sonora, fotografia. Mas nem por isso menos atraente. Pois se tem algo em que não faz questão de empenhar-se: buscar uma pretensão além da de um filme normativo e clássico, no ano de 2016, feito para uma bilheteria moderada, a partir de um bom argumento. E aqui talvez resida a maior virtude desse filme coerente com seus propósitos, e que marca a boa estreia do diretor David Leveaux.

  • Black Facebook Icon
  • Black Twitter Icon
  • Black Pinterest Icon
  • Black Instagram Icon
FOLLOW ME
SEARCH BY TAGS
FEATURED POSTS
Verifique em breve
Assim que novos posts forem publicados, você poderá vê-los aqui.
INSTAGRAM
ARCHIVE
bottom of page