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Ladrão que rouba ladrão


Conversa #51 - Reclassificando Clássicos [10]

Side Street (Anthony Mann, Estados Unidos, 1950 - cin. Joseph Ruttenberg)

O último dos filmes a reunir os jovens atores Cathy O'Donnell e Farley Granger. Eles também estiveram juntos em um filme ainda mais importante: They Live by Night (Nicholas Ray, 1948). Neste último, a estreia de Nicholas Ray na direção, os dois assumem a perspectiva do "casal em fuga", presente em Gun Crazy (Joseph H. Lewis, 1950), Bonnie and Clyde (Arthur Penn, 1967), Badlands(1972) e Thieves Like Us (Robert Altman, 1974), entre outros. A diferença destes, em Side Street, Granger encarna um pacato carteiro cujo devaneio é dar uma vida melhor à esposa grávida e ao rebento. Eles não têm uma rota de fuga rodoviária. Tampouco Ellen (O'Donnell) vê-se implicada diretamente nos crimes de Joe (Granger).

Joe Norson (Granger) rouba uma pasta em que sabia haver dinheiro escondido. A descoberta disso dá-se fortuitamente, numa entrega de correspondência, e o furto não se deu sem antes haver hesitação. Seu intuito não ia além de comprar um casaco de peles para a mulher, Ellen, prestes a dar a luz. No entanto, ao praticar o roubo, Norson constata que a quantia guardada na pasta é cerca de 100 vezes maior do que estava pensando. Atormentado, temendo por sua vida, tenta devolver o dinheiro. Nesse ínterim, acaba envolvido numa rede de crimes e tipos suspeitos.

Um filme que se tornou célebre pelo modo de apresentar Nova York. Isso se dá de maneira semidocumental, como também ocorre em The Naked City (1948) e, em menor grau, Kiss of Death (1947), Pickup on South Street (1953) e Sweet Smell of Success (1957).

Além do caráter semidocumental, o filme é conhecido por uma perseguição de carro ao final. Uma das pioneiras a destacar esse tipo de ação como crucial. Nessa sequência, parte da ação é tomada em ultra-plongé. Ou seja, da janela de um arranha-céu nova-iorquino. A fotografia é do veterano Joseph Ruttenberg, alguém que iniciou-se como fotógrafo no cinema mudo. Ruttenberg é, por igual, o recordista do Oscar à Melhor Fotografia. O fato de Ruttenberg também ser fotojornalista conta não pouco para a apreensão do espírito geral da cidade.

No entanto, o final --- mesmo sendo um filme do anti-sentimental Anthony Mann --- cede um tanto ao melodrama e suas correspondentes conciliações. O modo do comissário de polícia (Paul Kelly) entrever no amor de Ellen a salvação de Norson é a nota emotiva deste noir que pode ser melhor compreendido no contexto do rol de filmes citados. Ou seja, dos que também transformam Nova York numa espécie de personagem adicional.

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