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Oh, Céus.


Conversa #31

Colossal (Nacho Vigalondo, Canada/ Espanha, 2016)

A exemplo de Being John Malkovich (Spike Jonze, 1999) este é da estirpe dos roteiros idiossincráticos. O ponto de partida é certa ideia distante dos roteiros de Hollywood. Distante de roteiros mas bastante senso comum. É daquelas ideias que sentimos vergonha em partilhar pelo teor de puerilidade, mas que não deixam de despertar no mínimo um riso de lábios. Um riso de lábios por conta de uma engenhosidade. De uma engenhosidade que pode ocorrer a qualquer um, e, logo deixar de sê-lo. Ou dizer algo acerca da gente. Filmes assim tem que começar em Nova York.

No caso, um incidente de infância entre uma garota e um garoto --- colegas de escola --- no parque de uma obscura cidade estadunidense, irá reverberar anos depois, na forma de um embate de titãs: um monstro (feminino) e um robô gigante digladiando-se diante do skyline de Seoul. Desnecessário dizer que as implicações sexuais disso tudo são quase explícitas.

A não ser para quem quer tomar o roteiro à queima roupa e crer que ambos foram atingidos por um misterioso raio durante o recreio. No presente do filme, ambos já adultos, tanto a garotinha quanto o garoto têm problemas com o recreio. Isto é, com o álcool e com os diversos apetites do corpo, da alma. E nem sempre agem do modo mais razoável entre si e em relação ao mundo, mesmo com a consciência de que qualquer destempero pode custar destruição e vidas humanas. É Gulliver em Liliput, e mais além.

Pra variar, o homem é o vilão diante do bom senso feminino --- vamos ver até quando essa espécie de lei dos tempos presentes, transposta para filmes e comerciais, vai perdurar no mercado do showbiz, pois não parece distante a nova tendência, que fará esta caducar de vez. A ideia do roteiro não é má. Também não é má a atuação de Anne Hathaway.

Nem uma nem outra, contudo, impedem este filme de converter-se gradativa e inexoravelmente numa colossal bobagem. Uma comédia, ficção-científica, thriller psicológico e cinema catástrofe no mesmo pacote? Não. O gênero deste tipo de filme bem podia ser chamado:"filme americano feito em outro lugar para faturar nos Estados Unidos". Só que dessa vez não colou.

(Não é sempre que cola. Embora um orçamento de 15 milhões de dólares é quase metade do Baby Driver. Mais atenção ao volante, seus monstros).

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