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Sem Mais

.. Conversa#105 -Ano 3- Relances do Já e do Agora[21]

Jojo Rabbit (Taika Waititi, Estados Unidos, 2019) - cin. Mihai Mălaimare Jr.

Jojo Rabbit é o paroxismo da obtusidade histórica. Sua imperícia no manejo de um tema tão delicado é a melhor ilustração dos cristais, da loja, do elefante. Reunidos. E que elefante. Um estrago. É como se fosse possível fazer piada em torno da tragédia de Brumadinho. Uma pilhéria infinita. E também uma em que, a certa altura, um funcionário da Vale fosse posto em cena como um dos heróis do episódio. Nada fora da realidade. Não é proibido satirizar. Mas pela sátira se tira a perspicácia do satirista. Chaplin satiriza Hitler no Grande Ditador. Mas o faz com grande propriedade. Além de senso de ocasião, graça e perspectiva. Ainda hoje sua pilhéria assoma extremamente bem conduzida. E, por isso mesmo, universal.

Ninguém está proibido de fazer maus filmes. O que espanta é outra coisa: como um filme desses, uma idiotia desse tamanho, ainda consegue ser indicado a Melhor Filme. E vestido num suntuoso trabalho de cinematografia, a cargo de Mihai Mălaimare Jr. Jojo Rabbit consegue ser muito pior do que filmes já incrivelmente pueris acerca da Shoah. Casos de Schindler's List (1993), La vita é bella (1997), Inglorious Basterds (2009) e The Zookeeper's Wife (2017), entre outros.

Uma ignomínia.

Sem mais.

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